terça-feira, 26 de maio de 2009

O poder das palavras

Uma vez eu li a seguinte frase:

"É melhor ser rei de teu silêncio do que escravo de tuas palavras." - William Shakespeare

De fato, muitas coisas são melhores ocultas a serem mostradas. Porém, a frase me despertou um certo pensamento...

Ao evitar falar certas coisas, estou evitando de que outras pessoas me vejam como eu sou. Deixo de falar algo para evitar alguma situação desnecessária ou desagradável. Por um lado, é um pensamento bastante racional e lógico. Por outro, estamos ocultando nossa verdadeira face, nosso verdadeiro modo de pensar. Seja pelo nosso próprio bem ou pelo de outra pessoa.

Cheguei a conclusão de que nós não podemos mostrar nossas verdadeiras faces e opiniões sobre certas coisas para podermos viver tranqüilamente em uma sociedade. Afinal, se todos falassem o que pensam o tempo todo, talvez haveriam mais conflitos que o normal.

Esse pensamento é estranho. Nós nos escondemos diariamente para que não haja conflitos. Onde está o problema? Em nós em não querer mostrar nossa verdadeira face, ou nas pessoas que não sabem como lidar com opiniões e idéias dos outros? Ou talvez, dependendo da opinião que está sendo guardada, seja algo impactante ou realmente desnecessário a se dizer?

Talvez algumas coisas não merecem ser ditas. Acho que a emoção humana nos controla para evitar que causemos problemas aos outros e a nós mesmos. O que é interessante, pois isso não passa de um conflito entre lógica e emoção.

Mas posso estar enganado. Todos podemos estar. Essa é a graça.

Fases da vida

Uma coisa que eu escuto freqüentemente, é que nós vivemos diversas fases em nossas vidas que, cedo ou tarde, passam. Concordo em partes sobre isso, pois algumas coisas são para a vida toda.

Porém, o que me incomoda nesse tipo de comentário, é a arrogância que certas pessoas emitem ao dizerem isso. Olhar para um jovem e dizer que “Ah, é só uma fase da vida ser assim” é extremamente arrogante e tira toda a credibilidade do que a pessoa está vivendo e transmitindo. Independente da idade e do que a pessoa escolhe fazer, não se deve desmerecer seus atos com tal comentário.

Chego a desanimar e perder o interesse em continuar uma conversa quando alguém me fala isso. Como se tudo o que estou vivendo agora fosse momentâneo e que mudará com o tempo. Certos hábitos com certeza um dia mudam, como gostos em certas coisas e atitudes. Afinal, ninguém é uma criança inocente a vida inteira.

Porém, se o jovem está em algum momento de sua vida convicto de que algo que ele gosta seria o suficiente para levar com ele durante toda a sua jornada, por que estragar este momento dizendo que “uma hora ele muda”? Não é só porque quem fala isso já passou por algo semelhante, que todas as pessoas são iguais a ela. Essa é a raiz da arrogância em questão.

Muitas pessoas acham que, por experiência própria, o que acontece na vida das pessoas é algo universal, “todos passamos por isso” e uma hora as coisas mudam. Não é bem assim. Como eu disse anteriormente, algumas coisas mudam de fato, mas pode ser que não. Não é justo e nem devemos tentar mudar algo em alguém contra sua vontade. E comentar contra também é tão ruim quanto tentar intervir.

As experiências de cada pessoa é dela mesma e não significa que por ver que algum conhecido passa por algo semelhante, a regra se aplique a ele também. Parece que deixar alguém viver de certo jeito incomoda as pessoas que não condizem com seu padrão.

O que quero dizer é que não podemos condenar ou concluir que certas coisas na vida são fases e que um dia passam. Deixem que a pessoa que está passando por isso decida por ela mesma. É como se alguém viesse querer ensinar a um pai carinhoso e cuidadoso, como cuidar de um filho de acordo com certas regras.

Existem fases na vida, porém algumas coisas não são fases e sim permanentes. Deixe estar. O ser humano agradece.

quinta-feira, 12 de março de 2009

O que é, “estar vivo”?

Respirar? Se alimentar? Viver a vida como qualquer outro?
A vida é feita de momentos, são esses momentos que fazem com que nos sentimos vivos?

Talvez sejam os sentimentos. Diferente de um animal que nasce, cresce e vive apenas para comer e se reproduzir, nós, temos escolhas, contatos e experiências que nos definem. Porém, isso é o suficiente para que possamos ter aquela sensação de que estamos vivendo? Pois diariamente somos robôs programados, máquinas que seguem ou dão ordens para que o mundo funcione. Mas será que funciona mesmo? Ou o padrão para o “funcionamento” das coisas está totalmente distorcido do que deveria ser?

Talvez ao fazer algo que nos faça se sentir bem seja algo revigorante. Algo que faça com que tenhamos aquela sensação de que valeu a pena ou então que nos faz pensar “como a vida é boa”. Porém, nós vivemos todos os dias agüentando situações que não desejamos, pessoas com quem não gostaríamos de passar o nosso tempo junto, lugares que não nos faz bem. Mas aquela única coisa, aquilo que nós podemos usar como fuga para podermos nos sentir vivos. Mas isso dura pouco, e logo depois estamos de volta ao mundo real, ao lugar escuro e podre em que vivemos e passamos nossas vidas até a morte.

Não é errado? Passar por tantas coisas para que no final, apenas alguns momentos terem valido a pena, enquanto todo o resto foi um imenso fardo e cansaço. Por que não podemos transformar o que nos faz viver, em algo permanente? Por que estamos sempre presos a situações, lugares e pessoas desagradáveis? “Life’s a bitch”, de fato.

Temos tantas responsabilidades, tantas coisas que nos prendem ao mundo cinza e escuro onde não pertencemos. Seria possível viver em um lugar onde podemos nos sentir vivos todos os dias, 24 horas por dia? Ou seria utópico esperar por algo assim?

Não tenho o direito de querer passar minha vida fazendo o que gosto ou então estar com quem eu amo só por que a vida não me deixa? Por que é tudo tão complicado, quando podia ser tão simples... O problema é que talvez eu seja o único, ou pelo menos, um dos poucos que pensa assim. Todos estão preocupados demais com problemas que a vida lhe traz, em vez de tentar achar a solução direto na raiz. E sem contar o fato de que nós somos humanos, seres deficientes, podres e extremamente acomodados. Acomodados com as coisas erradas.

Mas talvez eu esteja enganado. Talvez eu não tenha entendido o sentido de estar vivo. Posso estar vivo e sentindo isso, mas algo ofusca minha verdadeira visão. Só sei que sinto que algo está errado.

Só sei que por enquanto, sou um morto que tem lapsos de vida, assim como todo o resto do mundo. E sou um morto que acha isso errado.

Heh, acabei de notar que estou dentro de uma música... John Lennon, Imagine. Acho que finalmente entendi sua letra... Chamem-me de sonhador, pois de fato sou. Mas deixará de ser um sonho quando todos deixarem de achar que É um sonho.

Animal

Os animais são diferentes de nós. Somos todos seres vivos, mas o que nos difere é a capacidade de poder racionalizar sobre as coisas. Porém, isso não os torna irracionais. Eles apenas não têm os princípios humanos para fazer escolhas, e não têm as emoções que nos faz tomar certas atitudes. O que é bom, assim eles não cometem os mesmos erros que nós.

Porém, isso não os fazem inferiores a ponto de podermos ter controle sobre suas vidas. Não podemos ter a arrogância de pensar que por sermos “seres racionais”, nós sabemos o que é melhor para eles. Podemos ajudá-los, claro, oferecendo abrigo e comida para os que necessitam, mas devemos deixá-los livres para poder viver suas vidas.

O fato de existir animais que são criados para nossas futilidades e desejos irracionais é o que está errado. É completamente errado pensar e aceitar o pensamento de que um animal pode ser criado para ser morto. Eu era oblivio a isso por muito tempo, não chegando a pensar sobre como um animal pode se sentir quando está a beira da morte sem saber. Mas agora que entendo este lado da coisa, sou totalmente contra o tratamento e o fim que é dado a eles.

Muitos não se importam com isso, pois não os convém, não precisam desse sentimento de culpa para suas vidas já atordoadas. Então é muito mais fácil simplesmente ignorar o fato de que as coisas estão erradas e abraçar com comodidade e ignorância o erro que cometem diariamente ao se saborearem com um animal morto.

Como pode ser julgado correto a criação de animais que naturalmente não eram para estarem cercados por cercas de madeira ou de metal, sendo alimentados religiosamente todos os dias e tendo abrigo e assistência para que no final, sejam brutalmente assassinados e em seguida servidos nos pratos dos seres que os matou.

Julgar que é errado matar pode ser hipocrisia demais se olharmos para a imagem inteira. Achamos errado matar outros seres humanos, pois nós somos como aquele que morreu de maneira injusta perante a lei. Porém, se nós somos seres vivos assim como os animais, só o fato de nosso cérebro ser mais desenvolvido (pelo menos para as ações que nos convém) não é motivo o suficiente para transformá-los em comida.

Argumentos dizendo que eles são criados para isso e abatidos de maneira indolor são clichês e antiquados, pois assim como muitas coisas que nós vemos na tv e no jornal, são inverdades manipuladas. Porém a questão não é como o animal morre ou é criado, e sim o fato de tirar a vida de algo inocente e achar que é certo.

Se eles pudessem ter o direito de se defender, de se protegerem e questionarem nossas ações, muita coisa mudaria. Ninguém mataria um ser que honestamente falaria “não me mate”. Porém, eles não precisam dessa frase para expressar esse sentimento.

Damos direitos a pessoas que não merecem, direitos que os protegem e que os fazem contar com eles, para que depois sejam soltos e voltem a cometer os mesmos crimes. É um círculo vicioso que nunca acaba, e infelizmente, é apoiado pelas pessoas erradas.

Por que não dar uma chance a outros seres vivos, deixar de pensar apenas em si próprio e passar a enxergar além de onde o vício e a gula conseguem ver? E isso é apenas com os animais que são mortos para servirem de comida.

Existem aqueles que servem para propósito ainda piores, como a futilidade. A brutalidade que é usada para a criação de certos tipos de roupas é absurda. Porém isso não chega aos olhos de quem veste a carcaça do animal. Não lhe convém.

A hipocrisia nisso tudo só piora quando as pessoas olham para animais domésticos com pena, mas na janta não hesitam em fritar um bife ou um frango. Esses animais podem, não tem problema, mas o cachorro da madame não deve sofrer nunca.

Como posso entender a minha própria espécie, se a mesma não quer entender as outras? Se até mesmo os humanos não conseguem lidar entre sua própria raça, imagina como lidará com as raças de diferentes animais? Será que somos tão mais evoluídos e inteligentes que outros animais?

É incrível o fato de que nós conseguimos superar os desafios do tempo e nos tornarmos soberanos neste mundo. Talvez tivesse sido melhor se os dinossauros tivessem nos controlado quando ainda existiam, e nunca terem dado chances aos mamíferos que um dia evoluiria até se tornar um ser corrompido pelos seus próprios desejos e vontades.

Mas podemos dizer que nossos erros são naturais? Que nossos modos de pensar são criados por nós mesmos e por nossas mentes perturbadas? Por exemplo, é justificável dizer que somos assim por que nós temos a capacidade de pensar além do que um animal consegue?

Então de onde veio a idéia de que outros animais “inferiores” devem ser submissos a nossas vontades? Acredito que isso veio com o medo. Provavelmente fomos a caça de muitos animais selvagens no passado, e por isso tínhamos que sobreviver. Então isso nos torna nada menos que animais fugindo de seus predadores. Mas infelizmente evoluímos, e chegamos até aqui com o pensamento errado. Em vez de aceitarmos o fato de que podemos evitar sermos pegos por certos predadores, podemos evitá-los ou dar um jeito de espantá-los. Mas não, matar é sempre a solução mais rápida e prática.

Talvez o erro tenha sido o ego, a prepotência, a fama. Características humanas. Talvez nós somos errados por natureza e infelizmente conseguimos sentar no trono do mundo e comandá-lo usando o pensamento errado. Mas será que ainda temos salvação?

A religião não é uma resposta, pois é corrompida tanto quanto nós. Afinal, foi criada por idiotas para controlar outros idiotas. Então o que nos resta? Não sei, mas sei que pelo menos, existem pessoas dispostas a querer mudar isso, mesmo que sejam poucas.

Espero que um dia essa causa triunfe, mas devo encarar os fatos de que será complicado. Talvez seja como nossos pais nos dizem, devemos errar para aprender. Tem sido errado desde que existimos, até quando vamos continuar errando? Até o último animal ter sido extinto? Do jeito que nós somos os animais irracionais, talvez seja a única alternativa. Espero não estar vivo até lá, para ver isso acontecer.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Vida após a morte

Faz tempo que não escrevo algo de novo aqui. Espero que este texto agrade a quem ler e compense a ausência e falta de textos novos. Já aviso que não revisei e deve ter alguns erros gramaticais e etc. Também me repeti várias vezes, mas isso foi por causa do tema, que foi bastante perturbante na minha mente. Enfim, divirtam-se :P

Sabe... Outro dia eu estava pensando sobre esse assunto. Estava deitado em minha cama, momentos antes de cair no sono, quando comecei a viajar em meus pensamentos e surgiu esse ponto.

Muita gente pensa sobre isso, pensa que depois que morremos, temos uma vida eterna na vastidão das possibilidades espirituais. Uns acreditam que somos julgados pelos nossos atos durante a vida, que renascemos ou que pagamos pelos nossos pecados seja lá no inferno ou no limbo.

Bom, como bom ateu, graças a Deus, eu não acredito muito nessas coisas. Mas aí me ocorreu o seguinte.

Vivemos todos os dias batalhando por alguma coisa. Seja um objetivo ou para sobreviver, mas estamos sempre na luta. Juntamos dinheiro, nos relacionamos com diversas pessoas, nos divertimos e nos ferramos. Tudo isso para que no futuro, possamos ter uma vida próspera e saudável, casados ou não.

Fazemos MUITAS coisas, vivemos muitos momentos. São muitos anos, que um dia, simplesmente acaba. E aí que entra o “x” da questão. Depois de tanto esforço, o que nos aguarda do outro lado? Na minha opinião? Nada.

Essa crença em paraíso e inferno, além desse conceito ser totalmente injusto, é apenas uma forma de termos um motivo para não nos preocuparmos tanto com a morte, ou até mesmo, uma razão para viver.

E sabe de uma coisa? Eu até entendo porque. Refletindo sobre o assunto, percebi que sem um mundo no além, nós nos sentimos extremamente vazios. É como se desaparecêssemos totalmente e nossa existência não tenha servido para nada. Se não existe um paraíso ou inferno, nós tempos pouquíssimo tempo para curtir, ficar com quem gostamos, fazermos de tudo e nos sentirmos bem.

Sabe, eu realmente me senti muito vazio quando pensei nisso. Foi como se eu tivesse descoberto que um dia, eu simplesmente vou apagar e nunca mais acordarei. O que acontecerá com minha consciência? Com meus pensamentos? Depois de anos fazendo muitas coisas, quando morrer, simplesmente sumirei? Triste... Mas acreditar em uma vida após a morte é irreal pra mim. Não consigo ver a lógica nisso. Não faz sentido existir um submundo espiritual. Simplesmente não faz.

Apesar de muitas pessoas acreditarem, isso não quer dizer absolutamente nada. Muita gente é criada acreditando em certas coisas que não são verdades, são apenas palavras fincadas em suas cabeças que foram impostas durante sua criação. E que se mantem e propaga durante sua vida por alienação e o conforto das facilidades da religião, das crenças em salvação e figuras divinas.

Imaginem... Simplesmente tudo aquilo que tanto gostamos, todas nossas experiências... tudo... Num piscar de olhos, acabando, sumindo no infinito escuro e nós nunca mais termos consciência, noção, vida... Ao fechar dos olhos na hora da morte, nossas últimas palavras ou até mesmo nossa última visão, de nada adiantará, pois não será utilizado.

Isso é totalmente desconfortável! Sei que estou me repetindo diversas vezes aqui, mas é que essa idéia realmente me perturba.

Como deve ser, os últimos instantes de vida? Apagar e nunca mais voltar, nunca mais dar uma palavra e nunca mais poder ver, pensar, falar, existir...

Por isso que eu acho que devemos viver intensamente, fazendo tudo o que gostamos, falando tudo o que pensamos e agirmos de acordo com nossas necessidades e prazeres. Uma vida de prazer, que valha a pena. Claro que como qualquer pessoa, todos temos nossas fases horríveis, épocas em que tudo dá errado e que pensamos que o mundo não gosta de nós... Mas, como diz um velho ditado gringo, “Life’s a bitch. Get over it”. Foda-se os problemas da vida, temos apenas que resolvê-los para continuar vivendo.

Devemos aproveitar o máximo possível para que, no final, desaparecermos e nunca mais lembrarmos do que fizemos, nunca mais existir.

Acho que então a graça está em ser lembrado. Viver como um herói. Marcar sua presença no mundo se for possível, positivamente. Descobrir a cura para uma doença, inventar algo revolucionário, ser um agente social com renome internacional... Essas coisas são meio difíceis. Acho mais em conta fazer algo que mude a vida de algumas pessoas, o maior número possível. Nem que seja apenas em uma fase de suas vidas.

Talvez seja por isso que eu quero tanto me tornar músico. Criar melodias que possam chegar a outras pessoas e causar algum sentimento nelas. Fazer com que elas possam pensar ou lembrar sobre alguma coisa, marcar sua época. O caminho é difícil, pois ficar famoso no meio musical requer talento e esforço. Mas estou disposto a me desgastar quanto a isso!

Bom... É um assunto a se refletir. A não-existência após a morte, a escuridão perpétua e a inconsciência das trevas. Ninguém quer desaparecer, sumir. Todos querem viver de algum jeito, seja na vida ou na morte. Mas infelizmente, acredito que apenas o oblívio nos aguarda.